Em razão da ausência de fiscais agropecuários federais autorizados a assinar o certificado sanitário exigido por Pequim, um abatedouro da Aurora (a terceira maior produtora de carne suína do Brasil), e um da Pamplona, já são afetados pelo acúmulo de carga
Já às voltas com os problemas decorrentes do embargo da Rússia, que absorve 40% das exportações brasileiras de carne suína, as catarinenses Pamplona e Aurora iniciaram o ano com dificuldades de embarcar para o promissor mercado da China.
Em razão da ausência de fiscais agropecuários federais autorizados a assinar o certificado sanitário exigido por Pequim, um abatedouro da Aurora (a terceira maior produtora de carne suína do Brasil), e um da Pamplona, já são afetados pelo acúmulo de carga.
De acordo com duas fontes do setor privado ouvidas pelo Valor, o problema acontece em razão de uma combinação negativa entre a aposentadoria e o período de férias de fiscais lotados nas plantas.
“Não é possível que o Ministério da Agricultura não tenha percebido isso. Já não podemos vender para a Rússia e agora dão férias ao fiscal que assina o documento da China”, criticou um executivo do setor.
No último ano, os chineses ficaram na terceira posição entre os principais destinos da carne suína exportada pelo Brasil, respondendo por 6,5% dos embarques. Para este ano, o banco holandês Rabobank projeta que as exportações brasileiras à China crescerão em torno de 20%.
Procurado, o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, José Luís Vargas, admitiu o problema, mas disse que a questão já está sendo contornada.
Na terça-feira, o governo brasileiro enviou a Pequim uma lista atualizada dos fiscais que podem assinar o certificado exigido pelo país. “Há morosidade por causa das autoridades chinesas, mas a lista já foi atualizada”.
A expectativa de quem acompanha o imbróglio é que, após as queixas dos exportadores ao Ministério da Agricultura, a atualização da lista seja oficializada ainda hoje, dando alívio à Pamplona e à Aurora.
Afora o problema chinês, as indústrias de carne suína do Brasil seguem à espera da reabertura do mercado da Rússia, fechado desde dezembro. “Não há dúvidas de que a Rússia vai abrir, porque eles precisam da carne brasileira, mas a demora preocupa”, disse uma fonte.
Enquanto Moscou não dá o sinal verde, os exportadores amargam forte queda nas vendas. Em janeiro deste ano, a receita com as exportações de carne suína renderam US$ 97.5 milhões, com queda de 21,8% na comparação anual, segundo dados divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Em volume, os embarques diminuíram 17%, para 45.300 toneladas. Desde o embargo, o preço médio da carne suína exportada pelo Brasil já recuou 10,9%, para US$ 2.172,00 por tonelada.
Fonte: Valor Econômico