Organização criminosa de Goiânia foi desarticulada na operação “Strike”, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do DF, nesta quinta e sexta-feira (07/12). Maioria dos alvos dos criminosos eram mulheres e aposentadas ligadas a entidades de classe, incluindo o Anffa Sindical
Cinco pessoas de quadrilha que aplicava golpes em filiados de entidades de classe, dentre as quais os quatro principais membros, foram presas nesta quinta e sexta-feira (07/12), na operação Strike, desencadeada pela Delegacia de Especializada de Atendimento à Mulher do Distrito Federal (Deam/DF). A organização criminosa da cidade de Goiânia tinha como principal alvo mulheres aposentadas, na maioria das vezes idosas, ligadas a entidades de classe, incluindo o Anffa Sindical.
De acordo com a delegada, Sandra Melo, a DEAM investiga a quadrilha desde abril de 2018, após denúncias de 30 vítimas.
“As ocorrências registradas por essas 30 mulheres, todas ligadas a entidades de carreiras expressivas como procuradores federais e auditores federais, noticiavam que elas haviam sido vítimas de tentativa de estelionato e de estelionato consumado.
Esses criminosos se passavam por representantes dessas associações e informavam às vítimas que elas tinham ganhado ações judiciais, que tinham valores a receber e que, para isso, eles precisavam recolher encargos federais como imposto de renda, PIS, INSS, entre outros”, explica a delegada.
Segundo Sandra Melo, os valores que chegaram a ser recolhidos pela quadrilha no golpe conhecido como “Golpe do Precatório”, variam entre R$3.800 a R$96.000. Com atuação nacional, os criminosos, explica a delegada, tinham acesso a informações precisas das vítimas e eram muito convincentes. Como eles tinham acesso a essas informações também será investigado.
“O indivíduo se passava por representante da entidade e informava um número para onde a vítima pudesse ligar. Nesse número, alguém já atendia como secretaria do órgão e repassava a ligação para um suposto procurador ou desembargador, tudo muito bem arquitetado. Eles chegavam, inclusive, a realizar depósitos de cheques, obviamente falsos, nos valores que eles diziam estar disponíveis”, detalha a delegada.
Ainda de acordo com Sandra, a investigação, que nesse primeiro momento contou com uso de escutas telefônicas, quebra de sigilos bancários/fiscais e com os serviços de inteligência dos bancos, não se encerra com a prisão dos cinco envolvidos.
“Nós vamos concluir o primeiro inquérito em relação às essas 30 vítimas identificadas, mas temos uma continuidade desse trabalho. Existem muitas outras vítimas, podendo chegar a milhares. Todo o andamento dessa investigação vai depender do trabalho que vamos fazer agora em relação ao que foi aprendido, em relação aos próprios presos e às próximas notícias que vamos certamente receber com a divulgação da operação”, esclarece.
A delegada da DEAM explica, também, que o material apreendido na operação (documentos falsificados, computadores, celulares, listagens com nomes e dados de associados das entidades e até mesmo 4 carros de alto valor adquiridos com o produto do crime) não só ajudará a ampliar a investigação, mas como provas para que as vítimas possam, futuramente, buscar e obter ressarcimento de valores junto à esfera judicial.
“Pelo que foi informado pelas equipes das apreensões, os documentos encontrados indicam outros bens mais caros que possam ter sido adquiridos com o produto do crime. Ao que tudo indica, a organização criminosa lavava o dinheiro com aquisição de imóveis rurais e criação de gado”, afirma a delegada.
Os criminosos vão responder, incialmente, pelos crimes de estelionato consumado e tentado, organização criminosa, lavagem de dinheiro, porte ilegal de arma e munições, posse de drogas e uso de documentos falsos.
Vale ressaltar que o Anffa Sindical alerta seus filiados contra golpes dessa espécie desde fevereiro de 2016, orientando sempre para a checagem de informações e não realização de depósitos antecipados em nenhuma hipótese. A dica é reforçada pela delegada Sandra Melo.
“A dica mais importante é sempre procurar checar a informação com a entidade, não fornecer dados e não realizar nenhum depósito antecipado”, enfatiza.