Nove municípios do estado do Rio de Janeiro já identificaram o besouro Sternochetus mangiferae, também conhecido como broca-da-manga ou gorgulho-da-semente da manga. São eles: Belford Roxo, Duque de Caxias, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Paracambi, Rio de Janeiro e Seropédica
A pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (RJ), Alessandra de Carvalho, fez a primeira identificação em 2014, na capital fluminense, com a ajuda de um especialista em taxonomia na família do besouro e permanece restrita lá até hoje. "As primeiras amostras oficiais coletadas pelo SSV-RJ foram enviadas ao Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Biotecnologia (DVB) do LFDA-MG, onde fizemos a identificação, com a ajuda de um professor especialista na família Curculionidae. Em seguida, passamos a receber as amostras suspeitas e fazer a identificação, tanto morfológica quanto molecular, em atendimento à demanda do SSV-RJ", informou o Auditor Fiscal Federal Agropecuário (AFFA), Glauco Antonio Teixeira, do Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Biotecnologia do LFDA-MG.
"Quando as amostras oficiais chegaram para a gente, no laboratório, em 2016, o AFFA responsável que nos enviou, não tinha certeza do que era, porém ele já desconfiava, devido a esta primeira identificação que havia sido feito lá em 2014. A partir de então, com os diagnósticos e emissão de laudos oficiais pelo DVB/LFDA-MG, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) reconheceu que a praga havia sido introduzida no estado do Rio, conforme publicado na IN 34 de 05/09/2017", acrescentou.
O ciclo de vida do gorgulho-da-semente da manga inicia-se com a fêmea colocando os ovos no fruto em desenvolvimento. Após a eclosão, as larvas migram para o interior do caroço, ainda em desenvolvimento, onde se alimentam até a fase adulta, quando os besouros fazem o caminho de volta, saindo do fruto para se acasalarem, reiniciando o ciclo. O deslocamento do inseto no interior do fruto forma galerias na polpa, causando danos diretos e também indiretos devido à ocorrência de fungos, bactérias e outros organismos orportunistas, causando o apodrecimento.
"Nós, do Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Biotecnologia do LFDA-MG, atuamos diretamente na identificação das amostras enviadas pelos colegas AFFA's, que fazem os monitoramentos em campo. Recebemos amostras tanto de insetos na fase jovem (larva e pupa) quanto também o inseto adulto. O adulto é possível fazer a identificação morfológica, por meio da observação de caracteres específicos, principalmente, do aparelho reprodutor do macho, que é essencial para a diferenciação de espécies do gênero Sternochetus", disse.
Apesar de não causar nenhum problema para a saúde humana, qualquer fruto atacado por ela torna-se impróprio para comercialização. Nesse sentido, o maior prejuízo que essa praga poderá acarretar é se ela for introduzida nas grandes regiões produtoras de manga do Brasil, como São Paulo e Minas Gerais, que abastecem o mercado interno e também nos estados de Pernambuco e Bahia, que exportam a fruta. "Portanto, podemos ter um impacto forte na oferta interna e também na balança comercial brasileira, uma vez que a manga possui grande participação na exportação de frutas, principalmente para União Europeia e EUA", alertou Glauco.