Ao chegar ao Rio de avião, a partir da noite desta sexta-feira, os 300 cavalos que vão competir nas provas de hipismo da Olimpíada e Paralimpíada podem ter que passar por obstáculos para os quais nem eles, nem os cavaleiros foram preparados: uma “operação tartaruga” de fiscais da Superintendência Regional do Ministério da Agricultura, que pode atrasar a liberação dos animais. Revoltados com a nomeação do ex-vice-prefeito de Angra dos Reis, Essiomar Gomes da Silva, para o cargo de superintendente do Rio, antes ocupado por um servidor de carreira da instituição, servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) decidiram em assembleia na quinta-feira estabelecer a “fiscalização pente fino”.
RIO – Ao chegar ao Rio de avião, a partir da noite desta sexta-feira, os 300 cavalos que vão competir nas provas de hipismo da Olimpíada e Paralimpíada podem ter que passar por obstáculos para os quais nem eles, nem os cavaleiros foram preparados: uma “operação tartaruga” de fiscais da Superintendência Regional do Ministério da Agricultura, que pode atrasar a liberação dos animais. Revoltados com a nomeação do ex-vice-prefeito de Angra dos Reis, Essiomar Gomes da Silva, para o cargo de superintendente do Rio, antes ocupado por um servidor de carreira da instituição, servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) decidiram em assembleia na quinta-feira estabelecer a “fiscalização pente fino”.
Na prática, segundo Verônica Ribeiro, diretora de comunicação da delegacia sindical do Rio, do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários, a operação significa que animais, medicamentos e rações serão minuciosamente fiscalizados.
— O trabalho dos fiscais é fazer a leitura do chip que o animal possui e conferência dessa informações com o passaporte equino, verificação da certificação internacional de cada animal e outros procedimentos — explica Verônica.
OPERAÇÃO DE R$ 10 MILHÕES
A manobra política de dar o comando da superintendência a Essiomar, que é do PP, partido do governador em exercício Francisco Dornelles, pode atrapalhar a operação de chegada dos animais, que é considerada a mais complexa dos Jogos e está orçada em R$ 10 milhões. Pela programação do Comitê Rio 2016, a chegada dos animais ao Centro de Hipismo em Deodoro, deveria ocorrer cerca de duas horas após o desembarque no Rio.
Segundo concessionária Rio Galeão, que administra o aeroporto Tom Jobim, os cavalos desembarcarão no terminal de cargas, passarão por um rampa especial construída no local por de R$ 1 milhão, especialmente adaptada para os cavalos, e entrarão direto no caminhões que os transportarão pela cidade, sem contato direto com o solo. Toda essa preocupação é para evitar qualquer tipo de contaminação ou stress para os animais. As baias de Deodoro, onde eles ficarão, foram isoladas no ano passado.
Um fiscal do Ministério da Agricultura que não quis se identificar afirma que uma “operação pente fino” não deixará passar nenhum mínimo detalhe equivocado na documentação dos animais. Os primeiros 35 cavalos desembarcarão às 23h:
— A fiscalização dos cavalos é sempre 100% por regra. Mas é claro ninguém fará nada que possa prejudicar os animais. Mas além deles, há cinco toneladas de medicamentos e rações para serem minuciosamente vistoriados. — alertou um veterinário.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
Assim como os animais, turistas e delegações que chegam ao Rio também podem ser afetados pela “operação tartaruga”. Os técnicos do Ministério da Agricultura também são responsáveis pela fiscalização sanitária de malas de atletas, e visitantes, pela importação dos alimentos das delegações e das instalações dos jogos.
Antes da decisão, os servidores já haviam encaminhado ofício ao ministro da Agricultura Blairo Maggi pedindo a suspensão da nomeação de Essiomar e a manutenção no cargo de Antônio Carlos Marques Medeiros, servidor de carreira da instituição. No documento, eles manifestam sua surpresa com a mudança, totalmente contrária às recentes normativas federais que ampliam a adoção de critérios meritocráticos para a ocupação de cargos na administração direta.
De acordo com os servidores, Essiomar foi indicado ao cargo pelo deputado Federal Julio Lopes (PP). O ex-vice-prefeito de Angra chegou a ser condenado em 2010 pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio a perda dos direitos políticos por três anos, mas a sentença foi posteriormente revertida por recurso.
— Minha função é administrar a superintendência com o apoio dos técnicos. Estou no partido há 22 anos. Fui presidente da Fiperj. Estou preparado para fazer o que o cargo demanda — argumentou Essiomar Gomes.
O Ministério da Agricultura afirmou que não foi comunicado oficialmente sobre a operação tartaruga, mas que o trabalho para a olimpíada está pronto há mais de um ano e preparado para contingenciar qualquer situação. Servidores de Brasília reforçarão a operação no Rio e devem auxiliar a liberação dos animais caso esta operação seja impactada pelos fiscais locais.
Fonte: O Globo