Com as definições de primeiro e segundo escalões, o novo governo começa a tomar forma. Se na bolha @agro.gov.br parece não ter havido eleições, a criação de um Ministério que tratará exclusivamente da gestão pública – com gestores especialistas em máquina pública, velhos conhecidos dos sindicatos – assim como o anúncio de uma mesa de negociação e, sobretudo, a visão menos liberal de parte do governo, permitem aos realistas a leitura de que, no mínimo, há perspectivas de avanços no âmbito das negociações salariais dos servidores públicos, incluindo reestruturações de carreiras.
Aos otimistas, é importante alertar que as mudanças não significam o sucesso garantido das pautas sindicais, mas sim, a possibilidade de serem bem recebidas. Aos pessimistas, o novo cenário não traz perspectiva. Para eles, “os atores que aí estão já estiveram um dia”. Nada adianta uma mesa de negociação “se não seremos de fato ouvidos e atendidos” e nada significou sepultar a reforma administrativa, “se outra pior virá”. Por fim, entendem que não adianta o sindicato negociar, se as negociações não resultaram em consecução das pautas. Consideram “perda de tempo”.
Ser pessimista é cômodo. Prognósticos errados não costumam ser lembrados. Por outro lado, o sucesso é garantido com apenas um acerto, mesmo que parcial ou envolto em um turbilhão de erros. Uma vidente acertou em cheio que Messi não seria artilheiro da copa. Para acertar, não precisou prever que seria o melhor jogador, nem campeão da disputa.
Por fim, o pessimista vaticina que é equivocada qualquer estratégia que busque mudar o predeterminismo do seu prognóstico sombrio. Assim, terá sempre a quem culpar: o sindicato, o partido, o colega, o eleitor, o sistema… nunca a si. Afinal, pressupõe estar em um patamar de sabedoria superior por previr e enunciar a inevitável catástrofe. E tem a certeza que em nada contribuiu para concretizá-la. Orgulhoso, anuncia então uma nova previsão…
**Os artigos publicados não traduzem a opinião do Anffa Sindical. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos temas sindicais e de refletir as diversas tendências do pensamento.