As duas fêmeas foram treinadas por dois anos e agora estão conhecendo o “novo ambiente de trabalho”, onde terão a missão de identificar bagagens com produtos de origem animal e vegetal proibidos no país
Dóceis e inteligentes, Meg e Vamp são os novos cães farejadores do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. As fêmeas, das raças Golden Retriever e Pastor-belga-malinois, vão apoiar auditores fiscais federais agropecuários na inspeção de bagagem de passageiros que chegam de voos internacionais. O objetivo é identificar produtos de origem animal e vegetal proibidos de entrarem no país.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical), Janus Pablo Fonseca de Macedo, o trabalho dos cães farejadores aumenta a efetividade do trabalho dos auditores. “Muitas vezes, a bagagem passa por um raio-x, percebemos que tem algum item suspeito, mas o aparelho não é capaz de identifica-lo com precisão. É aí que entram os cães farejadores, super treinados, e que conseguem confirmar a substância presente naquele produto”, explica Macedo.
O presidente do sindicato também afirma que os cães não substituem os auditores, mas complementam as atividades, principalmente em um cenário de déficit de servidores da carreira. “Estamos carentes de recursos humanos por todo o país. Precisamos de um novo concurso público para ingresso de novos auditores agropecuários a fim de proteger nossos portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Nesse sentido, os cães também nos dão esse suporte”, destacou Macedo. Atualmente, a carreira possui cerca de 2,4 mil auditores ativos e tem uma carência de outros 2 mil.
“Equipe K9”
Cada cão e auditor formam uma “equipe K9”, nome dado às duplas que atuam juntas nessas missões especialmente em aeroportos. As equipes também participam de forças-tarefas em rodoviárias e fronteiras, quando acionadas. Essas equipes fazem parte do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), ligado à Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Para a atividade conjunta com os cães, estes precisam passar por um período de treinamento em um centro especializado do ministério localizado em Brasília. No caso da Meg (6 anos) e da Vamp (5 anos), foram mais de dois anos. Os auditores agropecuários também passam por treinamento antes de formarem a dupla com os companheiros de quatro patas.
De acordo com o coordenador-geral do Vigiagro, Fábio Fernandes, outros três cães estão sendo capacitados em Brasília para novas missões. Um deles irá para o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Os outros dois estão previstos para atuarem em Roraima: no aeroporto de Boa Vista, na fronteira com a Venezuela, e na divisa do estado com Amazonas. Ainda não há uma data para o início das atividades.
“No caso de Roraima, nos preocupamos muito com o controle de uma praga que é a mosca de carambola, um inseto que acomete frutas e é responsável por destruir lavouras inteiras”, explicou Fernandes. Em grandes dimensões, segundo o coordenador, a mosca pode impactar na exportação brasileira de frutas e, consequentemente, na economia do país.
Meg e Vamp passam por uma espécie de socialização no aeroporto de Guarulhos, que deve durar algumas semanas, para então iniciarem as fiscalizações. “Nossa atividade em conjunto com os cães é fundamental e poderia ser expandida, mas temos falta de auditores. É preciso aumentar nossa capacidade para continuarmos evitando a entrada de doenças, como influenza aviária e peste suína africana, no Brasil”, enfatiza o veterinário e auditor agropecuário, Montemar Shoussuke.