"Temos que focar no combate duro e feroz contra a corrupção, separar esses maus fiscais que se venderam por um prato de lentilhas e contaminaram a categoria dos ficais federais que trabalham com honestidade defendendo a qualidade da produção brasileira", afirmou a senadora do PP/RS nesta terça-feira (21/02)
“Nós somos sempre aqui olhados pela sociedade com um grau de fiscalização e rigor extraordinários, e tem que ser assim. A politica só vai melhorar quando a sociedade fiscalizar os atos dos parlamentares, sejam eles do Senado, da Câmara Federal, das Assembleias, das Câmaras de Vereadores… Quanto maior for a fiscalização e o rigor da exigência do eleitor em relação aos seus líderes políticos, melhor será a atividade política, isenta disso que a gente está vendo todo dia: lava jato, corrupção, caixa dois, caixa três. Também nós não podemos fazer vista grossa quando acontecem irregularidades envolvendo outros agentes públicos, como os fiscais federais agropecuários ou agentes da Polícia Federal. No regime republicano e democrático, as instituições precisam ter a noção exata das consequências de tudo que fazem e por isso eu louvo aqui a iniciativa tomada, em primeiro momento, pelo presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luis Boudens, que fez uma defesa da operação da PF chamada Carne Fraca e nessa ponderação, além de defender a operação da PF, lembrou que a operação é de suma importância uma vez que as empresas e servidores públicos envolvidos negligenciaram de forma grave a saúde dos consumidores, e reforçou o compromisso dos agentes federais com o combate á corrupção no Brasil e com os interesses da sociedade. Esse líder da PF poderia até acrescentar “resguardados também os interesses de estado”, que estão acima das nossas vaidades pessoais, dos nossos interesses ideológicos, porque a nação é a soma de todos nós, de um sentimento maior. Nessa operação, portanto, não poderia haver dois anos depois de iniciada, uma conclusão com algumas fragilidades que comprometem não apenas o coordenador da operação, mas pode, sim, comprometer a instituição responsável pela investigação. Por isso, também saúdo a posição obtida, agora, por telefone, do presidente e líder do Anffa Sindical que representa os Auditores Fiscais Federais Agropecuários, Maurício Porto, que me disse o seguinte: “Somos a favor da Operação Carne Fraca, da investigação, e de separar os colegas envolvidos daqueles que agem com ética, com rigor técnico. Também defendemos a necessidade de que nomeações para esses cargos técnicos, como também das empresas estatais, ocorram por competência mas, sobretudo, por meritocracia”.
Não com aquele famoso “Q.I”, quem indica. E nesse Q.I. está subentendido algum interesse excuso que possa no decorrer do exercício desse trabalho de fiscalização algum interesse que não deve prevalecer nessas relações institucionais de fiscalização do sistema. Vários ministros que trabalharam árdua e intensamente para que o Brasil conquistasse a posição que hoje detém no mercado internacional de carnes, e de uma hora para outra, como em uma ladeira, um caminhão desgovernado, chega e sem freios vai derrubando tudo por diante. Essa imagem pode significar bem a interrupção de um processo industrial numa cadeia produtiva de gado, de suínos de frangos e aves, e que envolve não apenas a carne. Então o que aconteceu com a operação foi exatamente isso, se interrompeu um processo de produção e, para retomar isso, há de se perguntar àquele criador de frangos: E agora, o que eu faço com os frangos? Contínuo alimentando? Ele vai perder dinheiro. E a carne brasileira está perdendo dinheiro por conta da operação carne fraca. A operação deveria ter concentrado seu foco na corrupção, porque o próprio fiscal que fez a denúncia, ele mesmo declarou que o problema é a corrupção e não a qualidade da carne que é ótima. E eu sou do RS, onde existe um crime que poucos sabem o nome abigeato, é a expressão roubo de gado. Rouba-se, abate-se na própria estrada, as vezes animais que foram contaminados não se sabe de que jeito. Aí é uma carne clandestina, isso é um problema sério. E ai essa carne de abate clandestino que não tem fiscalização nenhuma vai para o mercado, em qualquer lugar, em qualquer cidade, até mesmo aqui, em Brasília, nas barbas do poder, se você for em umas feiras, vai ver lá pendurado o porquinho, o cordeiro, a galinha a ser vendida, a céu aberto. É o costume e a cultura brasileira e não se cuida disso. Estamos falando de um setor que emprega 7 milhões de brasileiros, que movimentou, em 2016, 176 bilhões de reais. São 392 frigoríficos credenciados. E esse gráfico aqui pode ser muito claro para a nossa TV Senado, para as pessoas entenderem que a maior parte da produção fica aqui no mercado interno, mas é na exportação de produtos manufaturados de valor agregado que gera emprego, porque a soja não vai o grão, vai o farelo que alimenta o porco ou o frango, e ai o frango vai processado, industrializado em pedaços pra Europa pra América Latina, para o Oriente Médio, no caso dos frangos, pois o Oriente Médio só importa frango e com um regime de abate especial segundo o rito mulçumano, tudo isso é observado no abate nesses frigoríficos que seguem para atender as exigências de um mercado internacional cada vez mais exigente e rigoroso.
Nós temos que nos preocupar também primeiro em focar no combate duro e feroz contra a corrupção, separar esses maus fiscais que se venderam por um prato de lentilhas e contaminaram a categoria dos ficais federais que trabalham com honestidade defendendo a qualidade da produção brasileira. Nós temos que cuidar do pequeno produtor de aves ou de suínos lá do interior do Paraná, de SC, do RS, de Sergipe, de Goiás, do MS, de qualquer lugar que, hoje, está perguntando o que fazer com esses animais. E alguns mercados como a União Européia fecharam as portas à produção brasileira. Um mercado que foi conquistado à duras penas por ministros que se comprometeram a fazer o dever de casa e levando também uma produção de empregos e gerando impostos que pagam a escola, que pagam a saúde, que pagam a educação dos filhos desses pequenos agricultores, pequenos criadores de suínos e aves, pequenos e médios pecuaristas que fornecem a essas empresas. Temos que pensar nas pessoas e atingir com essa operação a corrupção e não aquilo que é precioso para o Brasil que é a sua produção de qualidade no mercado de carnes. Espero que o prejuízo seja recuperado no mais curto espaço de tempo, mas isso ficará na memória e um ensinamento para que nós não aceitemos não só a corrupção aqui dentro dessa casa, mas a corrupção em todas as relações que existe entre os agentes públicos, sejam os fiscais federais agropecuários ou policiais federais que tanto orgulham os brasileiros com essas operações de grande êxito".
Senadora Ana Amélia (PP/RS)