O Brasil conta com 29 adidos agrícolas distribuídos em 27 países
Por Janus Pablo Macedo
A abertura de novos mercados para produtos da agropecuária brasileira é um processo fundamental para fortalecer a posição do Brasil no cenário internacional. A competição por mercados é acirrada e complexa, exigindo uma estratégia robusta e bem orientada.
Neste contexto, os adidos agrícolas surgem como figuras chave na estratégia de internacionalização da produção agrícola brasileira, atuando como pontes essenciais entre o Brasil e potenciais mercados consumidores ao redor do mundo.
Com o Brasil posicionando-se como uma potência agropecuária, a atuação desses profissionais, em conjunto com o intenso trabalho dos auditores fiscais federais agropecuários (AFFAs) nos processos internos, é crucial para o sucesso das exportações.
Nos últimos 15 meses, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) obteve sucesso significativo, conseguindo abrir mais de 100 novos mercados, com uma concentração notável na Ásia e nas Américas. Esta conquista sublinha a eficácia das políticas adotadas e a competência dos profissionais envolvidos.
Os adidos agrícolas desempenham um papel fundamental na consolidação e manutenção desses mercados. Eles são responsáveis por estudar detalhadamente as exigências de cada país importador, identificar oportunidades de mercado, analisar importações e consumo de determinados produtos e verificar se o Brasil possui condições sanitárias e competitividade para exportar.
Além disso, eles investigam as barreiras existentes — tanto tarifárias quanto sanitárias, fitossanitárias e de terceira geração relacionadas a questões ambientais, sociais, de bem-estar animal e trabalhistas — e desenvolvem estratégias de negociação para superá-las.
Atualmente, o Brasil conta com 29 adidos agrícolas distribuídos em 27 países. Esses profissionais estão na linha de frente das negociações, representando os interesses do Brasil e buscando oportunidades para os produtores nacionais, muitas vezes agricultores familiares. Este trabalho não apenas abre portas para produtos brasileiros, mas também ajuda a construir uma imagem positiva do Brasil como fornecedor confiável e sustentável de produtos agrícolas.
O processo seletivo para adidos agrícolas é diferenciado e muito mais exigente em comparação a outras adidâncias, sendo projetado para identificar aqueles com os maiores níveis de competência, vivência e treinamento específico no setor agrícola. Os candidatos são submetidos a avaliações que medem não apenas seu conhecimento técnico, mas também suas habilidades de negociação e compreensão das complexidades do comércio internacional agrícola.
Além das tarefas de abrir e manter mercados, os adidos agrícolas também estão envolvidos em promover a imagem do Brasil como uma nação que pratica uma agricultura sustentável. O Brasil se destaca por sua legislação ambiental rigorosa e práticas sustentáveis, como a exigência legal de que cada propriedade preserve uma parte significativa de sua área total — 20% no geral, com percentuais mais altos em biomas como o Cerrado e a Amazônia.
Esse compromisso com a sustentabilidade é um ponto de negociação crucial, especialmente em um mundo cada vez mais consciente das questões climáticas e ambientais.
Assim, valorizar e investir no trabalho dos adidos agrícolas é essencial para garantir que o Brasil continue expandindo sua presença nos mercados internacionais, superando barreiras e consolidando sua posição como um gigante agropecuário global.
A abertura e a manutenção de mercados exigem um equilíbrio delicado de conhecimento técnico, habilidades diplomáticas e compreensão profunda das dinâmicas comerciais e políticas globais. Os adidos agrícolas, com seu trabalho meticuloso e estratégico, são peças fundamentais nesse processo, garantindo que o Brasil possa não apenas competir, mas também prosperar no competitivo mercado global de agronegócios.
*Janus Pablo Macedo é presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical)