A aposentadoria é um momento que implica em mudanças importantes na vida do trabalhador, tanto nos aspectos pessoais, como familiares, econômicos, profissionais e sociais. Desta forma, o desafio de preparar pessoas para aposentadoria se torna cada vez mais complexo, não só pelo aumento da expectativa de vida da humanidade, mas também pelas características da sociedade contemporânea, na qual valores econômicos e de consumo configuram prioridades. Essa fase pode gerar diferentes sentimentos, como a vontade de ter mais tempo livre e ao mesmo tempo ter medo do tédio, da ociosidade, da instabilidade financeira do aparecimento de alguma doença e até mesmo da solidão. Como ocuparei o meu tempo livre?
“Ando de devagar porque já tive pressa, e levo esse sorriso porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe…” (Tocando em frente Almir Sater)”.
Na sociedade em que vivemos, o trabalho significa reconhecimento social, prevalecendo a ideia de que o indivíduo é valorizado pelo que ele produz. Em geral, as pessoas se preparam para trabalhar, mas não para se aposentar. Sendo assim, para alguns esse período pode ser classificado como um alívio, e para outros poderá ser um tormento ou um grande desafio em ter que viver sem as regras estabelecidas pelo trabalho formal, assim como mudar a habitual rotina.
“Todo ser humano é prisioneiro do que lhe é familiar” (Gary Hamel).
Ao longo desse tempo em que trabalhamos preparando pessoas para aposentadoria, podemos perceber que independente do grau de instrução, da natureza da atividade exercida, da situação financeira, os sentimentos apresentados pelos futuros aposentados são invariavelmente muito parecidos. As expectativas levantadas e as mudanças que ocorrem nesse desligamento do mundo do trabalho, suscitam desafios importantes como ajustar-se com plenitude na condição de aposentado, ocupar o tempo livre com atividades prazerosas, usufruir dessa condição com saúde, ter autonomia, manter-se financeiramente independente e principalmente continuar em constante desenvolvimento e sentir-se útil de outra maneira.
A preparação para aposentadoria torna-se necessária, por que “agora, estamos trabalhando para aprendermos a não trabalhar” (FFA Adi Mário Zanuzo – DS-SC).
A aposentadoria também repercute na família, muitas vezes o cônjuge e/ou os filhos ficam atrapalhados e o maior tempo de convivência em casa pode gerar conflitos. Nos cursos de preparação para aposentadoria os aspectos familiares também são temas debatidos. Algumas pessoas poderão ter mais facilidade para adaptarem-se à nova condição, outras poderão enfrentar dificuldades necessitando inclusive de auxílio profissional. Tudo isso vai depender da forma como cada pessoa se relaciona e enxerga o trabalho na sua vida. Portanto, faz parte desse processo, ter medos e expectativas, sentir-se inseguro, fazer um balanço das perdas e dos ganhos, mas também continuar buscando o conhecimento. Uma jornada finda, uma carreira é encerrada. Aposentar-se da vida, jamais!
A aposentadoria é um tempo de recomeçar, continuar fazendo projetos e nunca se aposentar dos seus sonhos!
“JÁ QUE TU”
E quando o negócio é fazer
Trabalho não remunerado
Aí é que os aposentados
São sempre logo lembrados
Ajuda o padre na missa
Faz vezes de sacristão
Já que tá aposentado
Pra nada vão dizer não.
Já que tu tás mesmo aí
Vou logo te alembrando
Lá no fundo da garagem
Tem sucata te esperando
Separa os jornais velhos
A papelada guardada
Joga fora os que não presta
Salva os bão da meninada
FFA Maria Lúcia da Motta Vieira – DS-PE
*Texto elaborado por Jacqueline Silva Alvorem Pinto e Susana Maria Sastre Seadi. Sócias-Diretoras da CONTEXTOS-RS.
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