Na concepção do Ministro, o hospedeiro seria o Brasil, sugado pelo indesejável hóspede – funcionário público – que, cada vez mais, torna-se nocivo, a exemplo daqueles organismos deletérios, vivendo à custa alheia por exploração, incompetência ou preguiça.
Por: Luiz Ferreira da Silva, AFFA aposentado
Ao defender a reforma administrativa, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou o funcionário público a um parasita.
Recorrendo à ciência biológica, trata-se de um organismo que vive de/em outro organismo, alimentando-se dele e, não raro, causando-lhe danos. Para aclarar, um carrapato que se incrusta na pele de um boi, sugando-lhe o sangue, sem a menor cerimônia e nem pedir licença ao hospedeiro. No ramo vegetal, a chamada erva de passarinho que suga a seiva das árvores, sem nada dar em troca.
Na concepção do Ministro, o hospedeiro seria o Brasil, sugado pelo indesejável hóspede – funcionário público – que, cada vez mais, torna-se nocivo, a exemplo daqueles organismos deletérios, vivendo à custa alheia por exploração, incompetência ou preguiça.
Paulo Guedes tem visão economicista, imediatista. A sua preocupação é dinheiro em caixa. Não entende o sacerdócio da função pública. O servidor não atende a um patrão, mas a vários – a população da União.
Nenhum país desenvolvido prescinde de bons funcionários, estimulados pelas condições de trabalho, treinamento e remuneração compatível. O problema brasileiro são as disparidades, sobretudo no poder legislativo, além da aberração do efeito cascata das filhas de “gandolas” e parasitas filhos de políticos e de outros apaniguados. Por outro lado, na sua arrogância, desconhece ou age de má fé ao dizer que nos Estados Unidos os funcionários passam anos sem aumento. Ora, lá é dólar, moeda de “responsa” e o poder de compra é estável. Nada a ver com o Brasil. Não é difícil entender a visão do Governo Bolsonaro, focada no “caixa”: arrecadar a todo custo, esquecendo o social. Não existe RG, mas CNPJ, importando o estipendiário, banindo-se o Homem do epicentro do desenvolvimento do país. O futuro pode ser tenebroso, a exemplo do que o Chile expôs ao mundo, recentemente.
Um governo acovardado: “forte” para tirar os direitos dos aposentados e pensionistas, como o fez na reforma da previdência e fraco ante aos políticos e outras classes privilegiadas que continuam sugando o erário público. Estes, sim, enquadram-se perfeitamente na definição do Ministro Guedes.
Isso abrange não só a Câmara Federal, o Senado e as Assembleias Legislativas, mas os demais poderes, carecendo de uma reforma urgente. a ser enfrentada, mas que o Governo escamoteia, jogando a população contra o servidor, e, inclusive, não lhe faculta as devidas condições para seu desenvolvimento e produtividade. Talvez uma estratégia para justificar a privatização de órgãos, sem levar em conta os custos sociais. O Banco do Brasil é um exemplo dessa maléfica ação.
Mas, deve pensar o Governo: – “É muito zum-zum-zum mexer nesse vespeiro e picadas virão por todos os lados”. Senta a pua, mesmo, no funcionário público! (Maceió, AL, 10-fevereiro-2020).