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Auditores agropecuários apreendem mudas de banana com possível fungo perigoso

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Tripulante de companhia aérea trazia plantas na bagagem e material foi encaminhado para destruição com foco em evitar a proliferação do “mal do Panamá”, uma praga que afeta toda a bananicultura nacional

 

Auditores fiscais federais agropecuários impediram, no último domingo de Páscoa (31/3), que uma série de mudas de plantas de espécies distintas entrasse no país pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Apesar de parecerem inofensivos, os itens, oriundos de outros biomas e que foram transportados por uma tripulante de companhia aérea, podiam oferecer grande risco ao ecossistema nacional, por terem a chance de portar organismos nocivos. As mais perigosas eram as bananeiras, ameaça para toda a cadeia.

Segundo os profissionais envolvidos na ação, o material precisava de autorização prévia para entrada no Brasil, além de tratamentos, quarentena e análise para descartar a possível presença de organismos. A tripulante estava ciente do controle sanitário, mas não realizou o processo. Posteriormente, os itens foram apreendidos e encaminhados para destruição.

O fungo, chamado Fusarium oxysporum, causa o “mal do Panamá”, que habita no solo e prejudica o plantio das bananas, obstruindo os vasos condutores e matando a fruta em poucas semanas ou dias. Para dimensionar, o Brasil é o quarto maior produtor mundial, com mais de 6,6 milhões de toneladas de bananas atualmente e quase meio milhão de hectares de área plantada, de acordo com o IBGE (2022). O fungo não é prejudicial aos humanos, mas se espalha com esporos pelo ar e poderia contaminar muitos campos de plantio.

“O fungo sobrevive no solo por décadas, mesmo na ausência da planta hospedeira. Ou seja, mesmo sem cultivo ali por anos, ele vai colonizar a primeira muda de banana plantada. É praticamente impossível de erradicar e, por se propagar com o vento, também dificulta medidas de contenção”, explica o auditor agropecuário Antônio da Matta.

Pelo perigo oferecido, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) considera a praga como uma das maiores ameaças agropecuárias no Brasil. O fungo encontra-se disseminado em países como Austrália, China, Indonésia, Malásia, Laos, Moçambique, Myanmar, Omã, Taiwan, Líbano, Paquistão e Vietnã, além de ter sido constatada na Colômbia recentemente.

“Um dos meios de propagação do fungo é via mudas contaminadas, por isso, a apreensão foi tão importante. Era uma ameaça à bananicultura brasileira. Infelizmente, lidamos com organismos exóticos tentando entrar no país diariamente, que podem atrapalhar toda a cadeia de produção, não apenas a banana. O trabalho dos auditores é tão importante, porque garante a comida na mesa do povo e emprego para o produtor”, reforça da Matta.

O profissional reforça a importância do cuidado com o transporte de organismos de um bioma para o outro, pois as diferenças do ecossistema podem causar reações adversas. “Precisamos divulgar essas informações para a população ter noção do valor que é ter esse cuidado. É melhor impedir na entrada, que sai muito mais barato para lidar, do que depois ter custos extremos para conviver com uma praga e se adaptar a ela”, finaliza.
 

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