A terceira etapa da Campanha de Vacinação Contra a Peste Suína Clássica (PSC) em Alagoas foi um sucesso. Organizada pelo Ministério da Agricultura com apoio e parceria da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (ADEAL), da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA/SENAR), Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Governo do Estado de Alagoas com fundos de Defesa Sanitária de diversas outras instituições que representam o setor suinícola no Estado, a ação proporcionou a imunização gratuita de mais de 116 mil animais em 4.572 propriedades distribuídas dentre 102 municípios.
A auditora fiscal federal agropecuária Dra. Sonia Lages, que é chefe do Serviço de Inspeção, fiscalização e Saúde Animal (SISA) no Estado explica um pouco mais sobre como tais ações vêm se desenvolvendo. “Estamos atuando dentro do Projeto Piloto (PP-AL) do Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica (PEPSC), que por sua vez, faz parte do Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS) e visa promover o fortalecimento do Serviço Veterinário Oficial (SVO) e do sistema de vigilância para as doenças dos suínos, atuando inclusive na implantação de um programa de vacinação sistemática na Zona não Livre (ZnL) da doença”.
Atualmente onze estados do Norte e Nordeste do País fazem parte da ZnL, entre eles o Alagoas, que foi escolhido para a implantação do Projeto Piloto devido ao tamanho do rebanho de suínos, extensão da área geográfica, recente identificação de casos de PSC em 2019, e localização estratégica, na divisa entre as zonas livre e não livre da doença.
“Toda a campanha é gratuita ao produtor, por meio de uma parceria público privada. Na etapa mais recente, foram contratados vacinadores e as vacinas, que utilizam o vírus atenuado, foram doadas pelo Mapa “, informa Sonia.
Ela explica também que a população de suínos em Alagoas é estimada entre 115 e 120 mil cabeças, o que representa uma taxa de imunização de 96% dos animais, mas esse não é o objetivo final da Campanha. “Pretendemos vacinar 100% do rebanho.” Também, estão previstas doses de reforço a cada seis meses, além de mais duas campanhas de imunização ainda em 2023.
De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) a suinocultura é uma atividade familiar no Estado. Cerca de 75% das propriedades mapeadas pertencem a pequenos produtores. Assim, a parceria pretende levar conhecimento a esses produtores, difundir protocolos de segurança e erradicar a Peste Suína Clássica nessas regiões, a fim de impulsionar os negócios locais e proteger o mercado nacional e internacional.
Vale ressaltar que a PSC é um doença com alto poder de disseminação, altamente contagiosa entre os suínos e que não possui tratamento. Nesse sentido, os produtores estão confiantes. “Acredito que a vacina é o caminho. Campanhas como essa nos permitirão erradicar a PSC em nosso Estado, alcançar o status de Zona Livre e entregar um produto cada vez mais seguro e saudável ao consumidor”, avalia Marcos da Silva, produtor local.
Falta de Affas
Ações como essa, consideradas fundamentais para o crescimento do setor agropecuário brasileiro muitas vezes atrasam o andamento das atividades de outros programas igualmente prioritários, como o Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa – (PNEFA), por exemplo, em virtude do deslocamento de servidores.
Isso acontece devido ao baixo quantitativo de auditores fiscais federais agropecuários presentes no Estados. De acordo com a chefe do SISA em Alagoas, o Serviço conta com apenas 25% da mão de obra necessária para a plena execução das tarefas destinadas àquela localidade.
“Para essa tarefa da Peste Suína Clássica, o SISA-AL contou com a colaboração de uma força tarefa promovida pelo Departamento de Saúde Animal (DSA), que nos enviou alguns affas de outros estados.” informou. “Não é o ideal, mas foi o possível a ser feito”.
Casos como esse são comuns na rotina dos auditores agropecuários. Em 2021 outra força tarefa, desta vez contra o ingresso da Peste Suína Africana, mobilizou affas no Rio Grande do Sul. Por determinação do Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos, lançado pelo Ministério da Agricultura, toda a bagagem dos passageiros que desembarcassem de voos provenientes do Panamá, teria de ser inspecionada por três affas, o que ocasionou imensas filas de inspeção, já que a unidade de Vigilância Agropecuária Internacional do Estado contava com apenas 7 servidores à época.
O Anffa Sindical tem alertado o governo quanto a essa questão há bastante tempo e espera que no próximo mês, quando se iniciarão as rodadas de negociação setoriais por meio do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, sejam apresentadas propostas a fim de sanar o déficit de servidores.