Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Affas) alertam a população sobre o recebimento de sementes não solicitadas em encomendas importadas
Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Affas) alertam a população sobre o recebimento de sementes não solicitadas em encomendas importadas. Nas últimas semanas foram relatados casos ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nos quais as sementes foram recebidas em sacos plásticos anexados a outros objetos comprados ou como remessa, e acontecimentos do tipo também já foram registrados em países como os Estados Unidos, Canadá e Portugal. A recomendação é que os pacotes não sejam abertos e que quem recebê-los leve o material para uma das unidades do Mapa no seu estado ou entre em contato com o ministério por telefone relatando a situação.
“Há umas duas semanas a gente teve o primeiro relato no Rio Grande do Sul. Depois disso tivemos casos em Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e a tendência é que o número aumente conforme o tema ganhe atenção”, conta a Affa Edilene Cambraia Soares. “Não é possível estimar a quantidade de sementes que teremos, e ainda não sabemos de quais espécies elas são, ou se representam algum risco fitossanitário. Uma das nossas preocupações é que as remessas possam conter espécies invasoras e pragas quarentenárias, que representem um risco econômico para nossa agricultura”, continua.
Segundo Edilene, amostras já foram enviadas para análise no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiás (LFDA/GO). Com esses resultados será possível determinar se outras ações de defesa são necessárias para impedir que o material cause danos à produção nacional.
“O perigo é, por exemplo, chegar uma planta aqui que na Ásia seja comum, mas que nas condições climáticas certas acabe virando uma planta invasora, que cause danos às nossas lavouras”, diz Edilene. “Somente com os resultados das análises teremos condições de avaliar o risco envolvido”, continua.
A principal linha de defesa contra as sementes indesejadas é a Unidade de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) que atua no Centro de Tratamento Internacional dos Correios (CEINT) em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, Paraná. Os Affas que atuam na unidade rotineiramente retêm e destroem uma grande quantidade de sementes por dia, impedindo que elas cheguem aos consumidores independente da origem.
“Nós fazemos a inspeção em 100% dos objetos que são encaminhados pela equipe do raio x dos Correios. Se há suspeita de que o pacote contenha matéria orgânica, nós fazemos a inspeção invasiva, abrimos a embalagem”, conta a Affa Kellin Mazur. “Isso é uma atividade de rotina nossa. Barramos muitas sementes por dia assim. O que chama atenção agora é que as sementes estão vindo em pacotes sem a solicitação do consumidor, em pequenos envelopes enviados junto com produtos que foram comprados”, continua.
De acordo com Kellin, o Vigiagro vem realizando um trabalho intensivo para barrar essas sementes, mas recentemente estão chegando os relatos de pessoas que receberam os pacotes em casa. A unidade está em contato com os Correios para que a vigilância no momento do raio x seja reforçada e que mais pacotes suspeitos sejam inspecionados, evitando que as sementes cheguem aos cidadãos.
“Estamos solicitando esse reforço para que, na dúvida, passem os objetos mais de uma vez pelos equipamentos, pelos scanners, e mandem para a nossa inspeção”, conta Kellin. “Além disso, é essencial orientar a população para que não plante, não manipule e não abra esses pacotes de sementes”, finaliza.
Fonte: Revista Cultivar