No último dia 08, nove dirigentes da CEPLAC pediram afastamento do cargo devido à insatisfação com a atual gestão da Comissão. Dez dias depois, em 18/03, o grupo enviou uma carta à Ministra Tereza Cristina, como forma de externar suas insatisfações e cobrar providências ante a situação crítica que está posta
Os signatários da carta destacaram o pronunciamento divulgado na imprensa, em 03/10/2019, no qual a Ministra firmou compromisso com a modernização da Ceplac, atitude que, segundo eles, seria "tudo o que qualquer integrante desta instituição gostaria de ouvir", já que há 32 anos, que não se contrata nenhum técnico ou servidor de qualquer categoria. Nesse sentido, redução anual de orçamento e sucessivas reduções na estrutura do órgão também foram queixas apresentadas.
Em relação à Direção da Comissão o tratamento "personalista, áspero, descrente e impositivo" do titular da Direção foi apontado como causa de desestímulo aos servidores, levando-os à decisão de acelerar as suas aposentadorias.
O documento cita o descaso com o qual profissionais com conhecimento e capacidade e que ainda poderiam transferir esses conhecimentos e experiências às novas gerações, têm sido tratados. Em conversa com o AFFA Raúl René Meléndez Valle, o sentimento que perdura é o de extinção da CEPLAC: "Temos servidores já em idade de aposentaria, experientes, com doutorado, de forma que esse conhecimento deveria ser repassado antes de entregarmos o cargo, mas o conhecimento e a formação técnica não têm sido valorizados, nos impedindo de deixar um legado valioso na área da cacauicultura", lamenta.
Ainda segundo o texto "o atual titular da Direção não poupa suas críticas à instituição, não valoriza a sua contribuição histórica e, ao mesmo tempo, não apresenta proposições convincentes que assegurem o desenvolvimento da cacauicultura, envolvendo a instituição" e denuncia: "a omissão no cumprimento ao Planejamento Estratégico da Ceplac 2012-2022, ignorado pela administração superior desde o início de 2020."
A indicação exclusivamente política também foi alvo de críticas pelos remetentes do texto, pois, para eles "a Direção não tem sido capaz de viabilizar o concurso de emendas parlamentares, por não possuir inserção na área política e nenhum trânsito no Congresso Nacional".
Nesse aspecto, Raúl Meléndez avalia que "a falta de formação técnica para a função e o seu distanciamento com pessoas que podem prestar assessoria na área de ciência e tecnologia do cacau, impossibilita a Ceplac de captar recursos financeiros necessários."
Dessa forma, o grupo solicita a substituição do Diretor, Waldeck Pinto de Araujo Junior, colocando, em suas palavras "uma liderança que possa integrar a todos, respeitar a contribuição histórica da Ceplac e motivar servidores e produtores, a fim de que juntos possamos contribuir, a partir de uma proposta inovadora e convincente, para o desenvolvimento da cacauicultura nacional, favorecendo os cidadãos e as regiões produtoras."