Praga está ocorrendo sobretudo em regiões que estão há 10 ou 15 dias sem chuvas. Além de prejudicar o andamento do plantio de soja, estiagem tem propiciado o maior desenvolvimento da helicoverpa armigera, praga que em safras passadas causou grande prejuízo às lavouras – superior a R$ 1 bilhão na safra 2013/2014
As chuvas irregulares que estão ocorrendo em Mato Grosso, além de prejudicar o andamento do plantio de soja em algumas regiões, têm propiciado o maior desenvolvimento da helicoverpa armigera, praga que em safras passadas causou grande prejuízo às lavouras – superior a R$ 1 bilhão na safra 2013/2014.
Segundo o auditor fiscal federal agropecuário, Wanderlei Dias Guerra, que atua no Estado, a helicoverpa está mais ativa sobretudo em áreas de reservas de algodão e milheto, em regiões que estão há 10 ou 15 dias sem chuvas. “Em alguns lugares a infestação está maior que no ano passado, maior até do que na safra 2013/2014”. De acordo com Guerra, períodos secos favorecem a ocorrência da praga. As chuvas, por outro lado, ajudam a controlá-la, uma vez que a água inunda as galerias onde ficam as pupas (estágio intermediário entre a larva e o adulto).
Os insetos já estão atacando áreas recém-plantadas de soja. Chegam de lavouras próximas onde ainda não se fez o plantio, como por exemplo áreas anteriormente cultivadas com milheto. “É importante ressaltar que também tem as Spodopteras. Elas normalmente estão na própria área, sobretudo onde tinha milho guaxo o qual foi dessecado muito recentemente, junto com o plantio da soja”.
Para Guerra, o que preocupa é que está “sobrando” muita lagarta. Segundo os técnicos os inseticidas estão deixando a desejar, falhando no controle. A preocupação maior é com a fase de fechamento das linhas de plantio da soja. Com o florescimento e formação das vagens a lagarta tende a descer para estas estruturas, e com área foliar mais densa o inseticida dificilmente chega para atingir o alvo.
Neste momento, relata Guerra, a helicoverpa está atacando basicamente a soja e também algumas áreas de milho para semente. A preocupação, segundo o fiscal agropecuário, é de que se sobrar muita lagarta, além dos danos nas vagens da própria soja ela tende a sobreviver e chegar também mais cedo nas lavouras de algodão. “Estas lavouras começam a ser plantadas agora em dezembro e também no final do ciclo da soja. Além destas virão as lavouras de milho segunda safra. Se a helicoverpa escapar em altas densidades das lavouras anteriores pode vir a causar sérios danos nas lavouras de milho.”
Controle da helicoverpa – Para combater a praga, segundo Guerra, o produtor precisa lançar mão de todas as ferramentas de que dispõe no arsenal conhecido como MIP (manejo integrado de pragas). Primeiro, monitorar as plantas guaxas de milho, algodão ou milheto. No caso de ocorrência de lagartas, é preciso fazer uma pulverização com inseticida antes da semeadura da soja.
O segundo passo é fazer um bom tratamento de sementes, usando sempre os produtos nas doses recomendadas, nunca em subdoses.
Em terceiro lugar, é preciso entrar na lavoura logo que a soja começar a emergir, fazer o monitoramento, “descer da caminhonete”. Observar se o tratamento de semente está funcionando. “Caso haja escape – lagartas que resistiram ao tratamento – é preciso consultar um agrônomo para ver a densidade da praga. Recomenda-se, nos primeiros ínstares, quando a lagarta ainda está novinha, entrar com produto biológico. O baculovírus funciona muito bem”.
O quarto passo é jamais fazer aplicação sequencial de um mesmo produto “Nunca abuse dos piretroides, estes produtos tendem a induzir resistência e também dizimam, aniquilam os inimigos naturais, e tem vários que ajudam e muito a controlar a helicoverpa”.
Quinto: monitorar antes e depois da aplicação do inseticida. Isto vai assegurar a informação da eficiência do produto e também da necessidade ou não de uma nova aplicação. Neste caso, o produtor deve mudar o produto.
Fonte: Portal DBO