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Conhecimento técnico continua sendo imprescindível para o posto de adido agrícola

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Em entrevista, a adida agrícola Luciana Pimenta Ambrozevicius fala sobre o trabalho realizado na embaixada do Canadá, durante 2019 e 2020

Em entrevista, a adida agrícola Luciana Pimenta Ambrozevicius fala sobre o trabalho realizado na embaixada do Canadá, durante 2019 e 2020. A carreira de adido agrícola foi criada pelo decreto 6.464 de 27 de maio de 2008 para atuar em três eixos principais: abertura e expansão de mercados do agro, atração de investimentos e prospecção de oportunidades para cooperação técnica e científica.

 

Como chegou ao cargo?

Sou engenheira agrônoma, com mestrado em fitopatologia e doutorado em genética e melhoramento de plantas. Além desse conhecimento, o fato de ser Auditora Fiscal Federal Agropecuária (Affa) com treze anos de carreira e as experiências práticas em diversas aéreas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), incluindo a representação do Ministério em fóruns nacionais e internacionais, foram essenciais para uma visão ampla sobre os fatores que afetam o cenário agrícola internacional e o desenvolvimento do trabalho no posto.  Ao fazer a seleção em 2018, um outro ponto importante considerado para o posto do Canadá, sede do secretariado da Convenção da Diversidade Biológica, foi a experiência com as discussões internacionais sobre os temas de sustentabilidade, que ganharam importância ainda maior no momento atual, com a elaboração do Marco Global da Biodiversidade Pós-2020.

 

Qual a importância do adido agrícola?

Cada posto é único, em termos das dificuldades e oportunidades apresentadas, mas todos com uma característica comum – a importância de se conhecer os temas sanitários e fitossanitários – base para abertura de mercado que proporcionará a conquista e expansão para os produtos do agro brasileiro.

A criação da carreira de adido agrícola pelo Mapa demostra maior profissionalização do setor. Tem o objetivo de diversificar os parceiros comerciais e a pauta dos produtos exportados, sendo também um marco para carreira dos Affas, que possuem todo o conhecimento e experiência necessários para os desafios da função.   

 

Como foi o desenvolvimento do seu trabalho como adida agrícola?

No Canadá, trabalhamos intensamente nesses dois anos com a área técnica do Mapa para abertura do mercado de carne bovina e suína in natura. As negociações avançaram e se encontram atualmente na fase de estabelecimento dos requisitos sanitários para a certificação. Apesar de não haver expectativa de exportação de grandes volumes de carne, a abertura desse mercado é essencial, tanto por demonstrar a qualidade do sistema de controle oficial brasileiro, aprovado com base na rigorosa regulamentação canadense, como também pela dinâmica do mercado mundial, que pode fazer com que mercados menores ganhem importância em função de fatores externos.

 

Qual a visão do mercado canadense e sua importância para o Brasil?

Assim como outros mercados, o Canadá tem sido considerado pelo Mapa um importante parceiro para diversificação da pauta de exportação brasileira para produtos como cafés especiais, frutas, mel, castanhas, arroz, feijões, dentre outros. Todos são objetos de estudos de mercado e de atividades de promoção comercial da adidância. O Canadá é um país que deve ser observado estrategicamente por regiões. As províncias do Atlântico diferem completamente da Costa Oeste, assim como a região das pradarias difere da região de Quebec, com influência francesa e da mais populosa província de Ontario. Além de trabalhar para derrubar barreiras e permitir o ingresso ao mercado, o conhecimento da legislação e uma adequada estratégia de promoção dos produtos do agro brasileiro foram o tripé do trabalho no Canadá.

 

Com relação às barreiras, é importante mencionar que, para o posto do Canadá, é também função do adido acompanhar os vários capítulos das negociações em andamento do Acordo Mercosul-Canadá, principalmente àqueles relacionados as disciplinas SPS. O adido deve contribuir com as áreas técnicas do Ministério da Agricultura, que define as posições. Portanto, faz-se necessário um entendimento das questões internacionais atuais que impactam o comércio agrícola mundial e os interesses variados que definem a negociação dos acordos de livre comércio. O posto do Canadá tem também uma característica única – Montreal é a sede da Convenção da Diversidade Biológica, que é o instrumento internacional aonde a discussão sobre produção agrícola e a sustentabilidade ambiental ganham corpo. As metas do Marco Global, em interface com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável irão criar compromissos para o setor agrícola para a próxima década e, nesse caso, o adido acompanha e subsidia os trabalhos do Mapa.

 

Qual a vantagem de ter o Canadá como um parceiro agrícola?

O Brasil é uma potência em agricultura tropical, o Canadá é uma potência em agricultura temperada, ambos com uma agricultura inovadora, baseada em ciência. O Canadá possui projetos em agricultura de precisão, melhoramento genético usando edição de genes, desenvolvimento de novos produtos à base de proteínas vegetais, rastreabilidade das cadeias de produção, enfim, uma série de oportunidades de parceria e com potencial de serem trabalhadas ao longo dos próximos anos.

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