Mesmo diante das dificuldades, os auditores se mantêm comprometidos com a sanidade dos alimentos produzidos Brasil afora
O dia a dia dos auditores fiscais federais agropecuários é de superação. Múltiplas atividades, aumento de demanda pela expansão da agropecuária, redução do número de servidores, sistemas de informática com problemas e desvalorização salarial são algumas situações que têm gerado sobrecarga e estresse para os affas. Neste Dia do Trabalhador, conversamos com quem representa os auditores no Rio Grande do Sul. Os relatos mostram que, mesmo diante das dificuldades, os auditores se mantêm comprometidos com a sanidade dos alimentos produzidos Brasil afora.
O valor insuficiente das diárias se soma à falta de pessoal e à necessidade de novos concursos. O mais recente esforço da diretoria do Anffa Sindical para melhorar a diária, congelada desde 2009, é o ofício encaminhado em 13 de abril ao Ministro da Agricultura, Marcos Montes. No documento, é solicitada uma solução junto ao Ministério da Economia para atualizar os valores das diárias.
Como forma de cobrar melhorias, aproximar a ação da delegacia no Interior e reforçar a ação sindical, a atual diretoria colocou como meta chegar ao final da gestão, em 2023, com quatro seções regionais em funcionamento no Estado. Hoje, as regiões Planalto, Vale do Taquari e Central têm representação do Anffa, sendo as últimas duas reativadas em 2021.
“Garantimos a conformidade de todo o processo de produção de um alimento. Esta responsabilidade com a saúde da população deve ser reconhecida pela sociedade e pelos governos”, cobra Soraya Elias Marredo, delegada sindical do Anffa no Rio Grande do Sul.
Formado em Zootecnia, o representante sindical da Seção Planalto, Marcos Raber, não desanima. “Somos fundamentais, pois trabalhamos pela segurança da vida. É por meio do nosso trabalho que o leite, o feijão, o ovo, a carne e outros alimentos chegam inócuos na mesa das pessoas. Não tem como terceirizar essa fiscalização”, defende o representante da Seção Planalto, que está há 15 anos no Ministério da Agricultura.
“Quem certifica a qualidade dos alimentos e bebidas, quem assina e dá aval somos nós, e não temos este reconhecimento. Nossa importância é incomensurável”, reforça o representante da Seção Central, Osni Tadeu Prinz Lopes, engenheiro agrônomo. Servidor por 34 anos no Mapa e aposentado há cinco anos, o representante da Seção Central lembra com saudade da luta histórica para a instalação das unidades no interior, do trabalho de orientação de pequenos produtores para a formalização de empresas.
Além da saúde pública, Caroline Posser Simeoni (foto), representante da Seção Vale do Taquari, destaca a importância na economia da nação. “Grande parte do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil é derivado da agropecuária e sem nossa assinatura não é possível exportar nada, o que é fundamental para o país”, avalia.
Desde 2018 no Mapa, Caroline vê com cautela as mudanças na legislação, que dão mais autonomia às empresas. “Por um lado, é positivo a própria empresa se responsabilizar pela garantia de qualidade do seu processo e inocuidade do seu produto. Para conceder esta autonomia, seria fundamental também ações fiscais mais incisivas e penalidades mais rigorosas, que realmente sejam significativas quando houver uma infração que represente fraude ou risco à saúde pública”, defende a médica veterinária.